terça-feira, 7 de abril de 2009

CABO VERDE: UM EXEMPLO DE PAÍS DE DESENVOLVIMENTO MÉDIO


Desde 2004 que tem vindo a ser publicitado o precioso título conquistado por Cabo Verde e cabo-verdianos, a passagem de País Menos Avançado para País de Desenvolvimento Médio (PDM). Um título que tem colocado o país nos olhos do mundo, de tal forma que levou à famosa frase dos últimos anos no país: “Cabu Verdi sta na moda”.
A primeira questão que se coloca tem a ver com o conceito de desenvolvimento médio no âmbito da teoria do Desenvolvimento Económico. O que é desenvolvimento médio? Será o nível intermédio do desenvolvimento? Então como serão avaliados os extremos? Embora esta questão seja ambígua não tira a valor do êxito conquistado nesses últimos tempos pelos cabo-verdianos.
A segunda problemática reside no facto da distribuição deste desenvolvimento médio entre os cabo-verdianos. De facto o país tem vindo a evoluir nas mais diversas áreas, da saúde à educação, passando por várias questões sociais. Em relação ao Sistema Fiscal verifica-se um crescimento médio de 2001 a 2007 nas receitas totais na ordem de 2,71%, enquanto as despesas totais diminuíram em média 0,66%. Uma política orçamental deste tipo estimula a confiança na economia, dando credibilidade aos decisores políticos. Entretanto questiona-se o impacto desta evolução.
Em Cabo Verde temos uma economia de desenvolvimento médio fragilizada pelo desemprego que alcança os 21,6% (em 2007), sobretudo na camada jovem que é onde reside a força do nosso país. Realça-se ainda o facto de esta percentagem abranger uma boa parte da população rural, e estar subavaliado devido à definição do emprego em Cabo Verde. O abandono escolar situa-se nos 31,5%, motivado sobretudo por questões financeiras das famílias. Cerca de 20% da população é analfabeta…
É este desenvolvimento médio que tem sido publicitado ao longo dos últimos anos. Um desenvolvimento singular e parcial, que por sua vez não teve impacto a nível nacional.
Em vez de publicitar “Cabu Verdi sta na moda”, causando redução de apoios concedidos pelos países mais desenvolvidos, em Cabo Verde deve-se apostar nas políticas de criação de emprego sustentável tanto a nível público como a nível privado. A aposta na educação e a promoção do seu desenvolvimento via aumento da qualidade de ensino, políticas de acção social de forma a combater o abandono escolar e sobretudo a reestruturação do sistema universitário, mostra-se como sendo fundamental. Desenvolvendo estas áreas, haverá um impacto indirecto a nível social das mais diversas áreas.
Porém, não se pode esquecer de dar a César o que é de César e dar a Cabo Verde o que tem vindo a construir e conquistar ao longo dos tempos.


Gilson Pina - Estudante de Mestrado em Economia na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (http://www.liberal-caboverde.com/)

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