quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

PEDRO PIRES RECEBEU DAS MÃOS DE MANUEL DE PINA A CHAVE DA CIDADE


Cidade Velha, 21 Janeiro – Com alguma pompa e o espaço do Convento de S. Francisco, na Cidade Velha, cheio de assistentes, Manuel Monteiro de Pina entregou ontem a Pedro Pires, Presidente da República, a Chave da Cidade Velha. Foi um cerimonial que aconteceu pela primeira vez em Cabo Verde, mostrando que o se o Berço da Nação tem história importante para a Humanidade (e por isso é Património Mundial) também acerta o passo com rituais significantes na modernidade. Como foi a primeira vez que se fez no País o acto simbólico da entrega de uma chave de cidade, naturais também foram alguns percalços no protocolo cerimonial que, todavia, não tiraram brilho a este modo muito especial como a Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago quis honrar o Dia dos Heróis Nacionais.

A entrega da chave de uma Cidade é um acto com o qual uma Câmara homenageia alguém, de suma importância, que a visite. É um ritual que vem dos tempos antigos e que, na modernidade, vem sendo internacionalmente assumido como um acto de extrema solenidade: a chave (que é pertença da Cidade) está naturalmente confiada à guarda do seu “alcaide” (presidente de Câmara). Quando alguma personalidade tida por muito ilustre visita essa Autarquia, o “alcaide” entrega-lhe temporariamente a chave, assumindo-se assim como “vassalo” do visitante (“suserano”): é a distinção suprema. Este cerimonial, até agora desconhecido em Cabo Verde, entrou assim no cerimonial nacional por mérito da Cidade Velha que, neste aspecto, tem dado mostras de pretender criar um cerimonial muito próprio, já ensaiado com a criação do instituto de Cidadão Honorário.

Ao entregar a chave a Pedro Pires, no Dia dos Heróis Nacionais, Manuel Monteiro de Pina não só sublinhou o preito aos que combateram pela independência da Pátria como manifestou uma relação muito especial que mantém com o Presidente da República que sempre tem manifestado apreço por e apoio aos esforços da Ribeira Grande de Santiago, muitas vezes contra ventos políticos e marés partidárias, em colocar-se na vanguarda da modernidade em Cabo Verde. Há quem diga que Pedro Pires tem feito aquilo de que “o Governo se esquece”: a necessária solidariedade que deveria subjazer a um compromisso pelo desenvolvimento.


E Pedro Pires, ontem, na Cidade Velha deu resposta positiva aos anseios de Manuel de Pina, deixando um apelo à compreensão das populações pelas conseqüências (algumas delas incómodas) de serem guardiãs de um património monumental que é de interesse para o País preservar. Sabe-se que Manuel de Pina muito esperou que o Governo, em especial o ministro Manuel Veiga, tivessem feito esse apelo quando achados arqueológicos importantes obrigaram a demorar e a atrasar a conclusão das importantes obras de instalação das redes de água e saneamento. Ao invés, a Câmara ribeira-grandense encontrou silêncios por parte do Governo, enquanto a Oposição local (PAICV) procurou virar a população contra a Câmara.


O Presidente da República, no seu discurso de ontem, sublinhou a importância do diálogo para a resolução dos problemas e focou as atenções na circunstância de um passado doloroso (o esclavagismo) foi capaz de forjar a novidade – a crioulidade, elo fundamental na construção do Homem contemporâneo.


A culminar o acto de ontem foi feita a apresentação do livro de Fernando Pires “Da Ribeira Grande à Cidade Velha”, editado pela UNI-CV: um livro/investigação importante para o conhecimento da evolução urbanística da Cidade Património da Humanidade. A apresentação esteve a cargo do Reitor da UNI-CV, António Correia e Silva. (www.liberal.sapo.cv)


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