A EMIGRAÇÃO, O ETERNO MITO: SAIR A PROCURA DE UMA VIDA MELHOR… E VOLTAR.

Este pequeno texto pretende realçar a situação dos imigrantes. Como é de calcular são muitas as pessoas em que o fenómeno migração as transformou em vítimas das suas próprias boas intenções. Podemos começar por ver alguns dos casos actuais, os quais demonstram a situação em que se encontram os imigrantes: em Inglaterra e Itália.

Em Inglaterra: Milhares de trabalhadores do sector energéctico voltaram a manifestar-se no Reino Unido contra a mão de obra estrangeira. A mobilização foi retomada sem pré-aviso na sequência do recrutamento de 50 trabalhadores polacos para um terminal de gás natural em Milford Haven, no sudoeste galês. “Estamos em greve pelos nossos irmãos em todo o país. Todas a nossas centrais estão nas ruas hoje contra os trabalhadores estrangeiros que vêm para o país. O que acontecerá daqui a uns anos? Não vamos ter trabalho” (http://pt.euronews.net/2009/05/20/trabalhadores-britanicos-mantem-protestos-contra-mao-de-obrta-estrangeira/)

Em Itália: Pelo menos nove imigrantes ficaram feridos na noite de sexta-feira durante uma perseguição violenta a imigrantes em Rosarno, na Calábria, sul de Itália. Dois sofreram ferimentos graves após agressões com barras de ferro, dois outros têm ferimentos de bala nas pernas e cinco foram deliberadamente atropelados. O cerco transformou-se em assalto indiscriminado, durante o qual dezenas de imigrantes foram perseguidos e agredidos (http://imigrantes.no.sapo.pt/page4.html )

A crise mundial tem afectado a todos e em particular aos que não possuem recursos privados que lhes permitam um investimento reembolsável, falo em particular dos imigrantes que deixam as suas terras, as suas famílias, as suas casas e em alguns casos, deixam os seus próprios trabalhos e partem à procura de melhores condições de vida e os resultados obtidos, inerente a este tempo, fica muito aquém das perspectivas. Eu falo em especial dos emigrantes africanos, em que nalguns casos, além de deixarem as suas terras tiveram de pagar uma passagem exorbitante para poderem entrar na Europa (caso dos imigrantes em Itália), exorbitante no sentido de vender e ou oferecer tudo o que tinham em troca de um visto de trabalho ou um visto de turismo quando é possível e, quando lhe são negados a entrada por estas vias “legais”, assim arriscam as suas próprias vidas, nas lanchas de pequenos portes enfrentam o oceano na tentativa de atravessar as fronteiras europeias, e muitos são sujeitos às piores situações até chegarem ao destino (passam fome, sede, frio… alguns acabam por morrer). Os que conseguem chegar ao destino (Europa), a situação em que alguns se encontram é lamentável.

Figura nº 1 – A vida dos que partem (http://imigrantes.no.sapo.pt/page4.html)

E depois de terem entrado no continente europeu dificilmente se conseguem afirmar e protestar na eventual situação de serem negados os seus direitos. Um caso simples, aos imigrantes são escassas as opções das suas profissões, a não ser no sector de construção civil, para não dizer a única, conquanto com esta crise mundial, as empresas todos os dias demitem centenas de trabalhadores e, no conjunto de pessoas despedidas a grande maioria são os imigrantes, sem outras opções ficam sentados em casa. E esses emigrantes têm famílias, têm contas a prestarem: têm renda a pagar, têm de comer, vestir e saúde e entre outras responsabilidades a responder. Assim como afirmou papa Bento XVI "O PROBLEMA, MAIS QUE TUDO, É HUMANO. CONVIDO-OS A OLHAR O ROSTO DO OUTRO E A DESCOBRIR QUE HÁ UM ALMA, UMA HISTÓRIA, UMA VIDA E UMA PESSOA, À QUAL DEUS AMA COMO AMA A MIM". Porém, essas pessoas de algum modo têm de viver e possuem responsabilidades perante os filhos, que têm de alimentar-se, vestir-se e serem educados. Assim sendo, qual é a solução para esses imigrantes? Qual é o caminho a seguir?

Neste contexto, imploro a todos sem excepção, que não permitam que essas pessoas, por não ter solução a vista, não terem caminho a seguir, entrem em caminhos obscuros e sem saídas, como exemplo a droga, o roubo, prostituição e entre outros. Os imigrantes precisam de apoio, precisam de ajuda. Há famílias a destruir-se, há sonhos de uma vida inteira a desmoronar-se. Há pais que já não tem como ajudar os filhos. É momento de se juntarem esforços em prol dos mais desfavorecidos, “FELIZ QUEM CUIDA DO FRACO E DO INDIGENTE” (Salmo 41, 2).

Começando pelos senhores do governo, ao falar de senhores do governo, refiro-me aos governos europeus e aos governos africanos. Nesse sentido, falo dos governos europeus na medida em que os países europeus na sua maioria foram imigrantes outrora, quando a Europa não possuía condições e as soluções apareceram longe das fronteiras europeias (especialmente em África). Nesse sentido, deixo aqui claro, a solução decerto não passará por mandar os imigrantes para as suas terras de origem, mas sim, passará pela integração e socialização dos mesmos. E sem diminuir a responsabilidade aos governos africanos, que são também os grandes responsáveis pela emigração, em particular a emigração ilegal, uma má governação, a desigualdade e a injustiça social são as principais fontes da emigração. O continente africano é o continente de achegas para uns e de exigências e crueldade para outros. É obvio que em grande maioria dos países africanos os senhores do governo, a família e os seus conhecidos (uma minoria) levam uma vida abastada enquanto outros (a maioria da população “a força produtora da economia”) passam por todo tipo de necessidade e dificuldades imagináveis… até a fome. Ainda há quem diga: “é fruto da herança cultural” (época colonial: senhores #escravos). A meu ver isso é simplesmente a desigualdade social fruto da capacidade dos responsáveis egoístas e corruptos.

Ainda é lamentável, a forma como os africanos são, de certo modo afugentados das suas terras por não possuírem condições de sobrevivências e saem à procura de algo melhor, enquanto a África é um continente muito rico em recursos preciosos… mas não para os seus filhos africanos. Por culpa dos poderosos, o continente africano torna-se a “madrasta” dos africanos.

Ao governo de Cabo Verde, não vos esqueçais dos emigrantes, até porque os emigrantes cabo-verdianos nunca esqueceram de Cabo Verde, na medida que a economia cabo-verdiana foi sempre bem recompensada com as lembranças e as remessas dos emigrantes.

Ainda aproveito para solicitar-vos, governo de Cabo Verde, se não podem ajudar os emigrantes nos países de destino ao menos recebam de braços abertos os que por algum motivo pretenderão voltar para Cabo Verde, em especial os que não conseguiram alcançar os seus objectivos traçados e os que por falta de oportunidade entraram na droga e prostituição e outras situações ilícitas e a consequência disso, acabaram por ser repatriados. Cabo Verde é de todos os seus filhos, todos merecem ser recebidos e terem uma nova oportunidade, em vez de limitá-los e rotulá-los como tem sido feito até ao momento, ainda além de serem vistos do avesso são logo descriminados e tratados como criminosos. Não castiguem mais os emigrantes, que eles já são muito castigados pela vida, mas sim arranjem meios de acolher e empregá-los, creio que este é o melhor caminho para diminuir e eliminar a violência e os crimes que assolam o país. Ainda assim, dirijo-me à população de Cabo Verde, em especial aos crentes e cristãos, Jesus Cristo disse: Se amais o mais pequeno de entre vós é a mim que amais”, Neste sentido, os emigrantes retornados, e os que voltaram para Cabo Verde sem nada, são os mais pequenos entre nós. Ainda é preciso ter em mente que muitos só entraram em caminhos escuros (Droga em particular) por falta de oportunidades, a droga é uma tentação tanto para os que consomem como para os que vendem. Este tormento enfraquece a todos, em particular os de pouca fé e sem esperança. Acolhe-os antes das descriminarem.

E aos que se encontram em situações difíceis, por favor, não percam as vossas esperanças e fé. Tenham fé em Jesus Cristo, e nunca pensem em entrar nos caminhos obscuros para poderem alcançar os vossos objectivos, ainda digo, a Droga não é solução. A droga é somente uma miragem e armadilha! Não entrem neste caminho, sejam fortes. A droga tem sido o grande problema para a humanidade. A droga faz o homem ser o lobo do próprio homem, onde o valor do ser humano perde o sentido. Não! Não vos sujeiteis a isso.

Ainda que o momento, seja duramente difícil, cheio de exigências e de poucas recompensas, ainda assim não vos esqueçais, que os santos aparecerão nos momentos difíceis, o momento é oportuno para que sejamos santos de hoje, podemos ser “santos” dos nossos amigos, vizinhos, familiares, conhecidos até dos desconhecidos, para isso basta um pequeno gesto, com palavras de fé e esperança e no lugar onde te encontres não permitas que ninguém passe fome.

FORÇA E CORAGEM ENCONTRARÃO O CAMINHO… NÃO PERCAM A VOSSA FÉ EM DEUS.

Bem-haja a todos hoje e sempre, Jesus Cristo é o caminho, a verdade e vida.

Natalino Semedo