sábado, 22 de novembro de 2008

INSÓLITO: vereador da Cidade Velha detido pela Polícia Militar

"Cercaram-me e obrigaram-me a desligar o telemóvel, mas neguei. Pediram-me para mudar o carro do local e consenti, mas depois obrigaram-me a descer do carro o que não admiti", Alcides de Pina.

O vereador e presidente em exercício da Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago, Cidade Velha, Alcides de Pina, foi detido na última noite, na Assembleia Nacional, por um batalhão de onze Polícias Militares. Razão: a guarda do veículo da autarquia.
Parece cómico, mas é verdade. Por volta das 21h30 desta noite, Alcides de Pina, presidente em exercício do município da Cidade Velha, foi barrado à entrada da Assembleia Nacional, quando, assim como todos os dias, pretendia guardar o veículo da autarquia que utiliza, enquanto vereador. Sucede que os seguranças da Assembleia Nacional decidiram hoje vedar acesso ao autarca, por sinal, funcionário da Assembleia Nacional, entretanto em licença de serviço exercendo o cargo político/público na Cidade Velha.
Há cerca de cinco meses, Alcides de Pina faz a mesma rotina. Sai do curso no INAG e vai guardar a viatura da Câmara, na Assembleia Nacional. Nunca houve problemas. Hoje, no entanto, as coisas inverteram. Conforme contou a este diário on-line, quando chegou à Assembleia, foi informado por um segurança (privado) que tinha ordens expressas para não o deixar entrar. Surpreso, de Pina solicitou que lhe fosse exibido a ordem, o que não lhe foi apresentado. Terá informado ao agente que pretendia guardar o veículo por questão de segurança, em se tratando de um bem público, também foi impedido mesmo depois de apresentar identificação de eleito municipal. De nada valeu ao autarca o disposto no referido documento.
Entra em cena os militares. Como coisa ensaiada, os militares que prestam serviço à casa parlamentar também vedam acesso ao vereador. De repente, chega um batalhão de outros Polícias Militares, em número de onze, que se faz transportar numa viatura de patrulhamento, matricula FA 06 79. O "sururu" aquece. O chefe dos militares (não apurarmos seu nome) dá voz de prisão a Alcides de Pina que entretanto tenta, sem sucesso, explicar as razões pelas quais não pode ser preso, sequer por um militar que deveria ser defensor da Constituição. "Cercaram-me e obrigaram-me a desligar o telemóvel, mas neguei. Pediram-me para mudar o carro do local e consenti, mas depois obrigaram-me a descer do carro o que não admiti". O vereador invocou a Constituição da República mas de nada lhe valeu, pois os militares fizeram "tábua rasa" da lei. "Abriram a porta do carro e retiram-me à força", conta Alcides de Pina fazendo saber que foi "carregado" por quatro militares.
Levado para a Esquadra da Achada de Santo António, um agente da Polícia Militar tenta "obrigar" o Oficial de Serviço a deter Alcides de Pina, durante a noite. Nova discussão começa entre os sujeitos. Cada um esgrime seus argumentos. Alcides de Pina diz que é vereador e exibe cartão de eleito municipal, mas de nada vale. Os agentes da PM e da PN duvidam das declarações do vereador e dizem desconhecer esse facto. Entretanto, um "polícia graduado" vem confirmar a versão de Alcides, de que é vereador na Cidade Velha. Nesse meio tempo entra também em cena o assessor do edil da Cidade Velha, Manuel da Moura, que reconfirma a versão de Alcides, já confirmada pelo policial.
O caricato é que nem a PN nem a PM dão credibilidade às declarações do vereador, que sempre faz questão de mostrar identificação.
Este é um assunto que promete novos desenvolvimentos.
20-11-2008, 00:28:49ACG, Expresso das Ilhas (www.expressodasilhas.cv)

Sem comentários:

Debates/Comentários

CONTACTE-NOS