25 Nov, 05:43h
A coluna de Gilson Pina
A coluna de Gilson Pina
… compara-se as propinas da Uni-cv com qualquer Universidade pública em Portugal. Por incrível que pareça, as propinas em Cabo Verde superam todas as de Portugal, e em Portugal para além de todas as Universidades públicas estarem num ranking internacional superior a Uni-cv, as famílias têm um maior poder de compra do que as de Cabo Verde. A questão que fica é, a Uni-cv foi uma estratégia para o desenvolvimento, ou uma propaganda política, criar só por criar?
Uma estratégia de aplaudir, pois com isso está-se a aproveitar as economias de gama, dado que o fornecimento do serviço passou a estar a cargo de uma única entidade, a reitoria. A tendência também é para o aproveitamento das economias de escala, tendo em conta que tem maior capacidade para aumentar o número de cursos e especializações diminuindo os custos médios de produção.
O que não teve direito a aplausos foi a política das propinas. Quando tudo indicava para a diminuição dos custos médios de produção, a Universidade aproveitou o título que lhe é atribuído para aumentar as propinas comparando com as anteriormente aplicadas pelas instituições que integraram na Universidade.
Os cabo-verdianos não estão preparados para suportar uma propina superior a 9 mil escudos mensais numa instituição pública. O nosso poder de compra não o permite. Com uma propina a este nível apenas contribui para o abandono escolar dos mais desfavorecidos e o nosso governo não tem possibilidade de subsidiá-los na sua totalidade.
Cabo Verde está a ser abençoado com o investimento de capital externo principalmente no sector do turismo. Com o tempo a tendência é para um alargamento da desigualdade social, com bairros degradados de um lado, e noutro, o fruto de grandes investimentos do capital externo. O governo que não pense em recolher impostos junto destes para redistribuir à camada da população menos favorecida, sob pena de gerar efeitos perversos levando a quebra da tendência do aumento do IDE em Cabo Verde.
Deve sim, o governo, apostar no aumento do nível do capital humano do país, através da educação, de forma a ter mais mão-de-obra qualificada que consequentemente conduzirá à diminuição da desigualdade social, estimulando o desenvolvimento económico.
Desenvolvimento este que dificilmente será atingido com um nível de propinas, que em muitos casos supera o rendimento de muitas famílias, para o próprio sustento, quanto mais para apostar na continuidade da educação dos filhos.
A título de exemplo, compara-se as propinas da Uni-cv com qualquer Universidade pública em Portugal. Por incrível que pareça, as propinas em Cabo Verde superam todas as de Portugal, e em Portugal para além de todas as Universidades públicas estarem num ranking internacional superior a Uni-cv, as famílias têm um maior poder de compra do que as de Cabo Verde. A questão que fica é, a Uni-cv foi uma estratégia para o desenvolvimento, ou uma propaganda política, criar só por criar?
Gilson Pina – Estudante de Mestrado em Economia, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (http://www.liberal-caboverde.com/)
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